29/03/2024

Um Pouco de História: Luizão, Chic-Show e Palmeiras

Em comemoração ao centenário do Esporte Clube Palmeiras, foi publicado hoje (26) uma matéria muito bacana sobre os grandes eventos que ocorrem lá, eventos estes que ficaram na memória de muitos apreciadores de bailes “blacks”.
E o principal protagonista desta história é Luizão da equipe de bailes Chic-Show, famosa nos anos de 1980.
A equipe promoveu dezenas de eventos no local, em sua maioria com artistas internacionais, dentre eles, o Mr. Dinamite: JAMES BROWN.

Chic-Show e Black In Love ao vivo no Facebook

O promotor musical Luiz Alberto dos Santos chorou ao ver a demolição do antigo salão de festas da Sociedade Esportiva Palmeiras. Mais conhecido como Luizão, ele levou alguns dos principais astros da música negra ao palco do clube, de Jorge Ben a James Brown. Os shows, assistidos por milhares de pessoas, contribuíram para combater o preconceito racial nos anos 1970 e 1980.

Filho de uma pianista, ele colecionava discos de vinil desde a infância e, popular entre os amigos, começou a tocar em aniversários, casamentos e piqueniques. Rapidamente, a informal “Discoteca do Luizão” cresceu, virou a “Chic Show” e ganhou ainda mais notoriedade após uma parceria com a escola de samba Camisa Verde e Branco.

Com o baile voltado ao público negro em franca expansão, Luizão foi convidado para uma formatura no amplo salão da Sociedade Esportiva Palmeiras. Neste momento, o promotor musical teve a ideia de levar os eventos da Chic Show para o espaço. Após negociar com a diretoria do clube, a estreia em grande estilo, divulgada intensamente em lambe-lambes pela cidade, aconteceu com Jorge Ben, em 1974.

“O salão do Palmeiras sempre foi um lugar tradicional de festas em São Paulo. Então, a gente tinha o sonho de fazer grandes espetáculos lá. No primeiro show, trouxemos o ídolo da raça negra na época. O Jorge Ben era praticamente o Roberto Carlos preto. Eu tinha 17 anos, mas apresentava todos os eventos. Ver aquele mar de pessoas de cima do palco foi de arrepiar. Havia cerca de 14 mil espectadores. Ninguém pensava em bailes desse porte”, lembrou.

A Chic Show estreou de forma bem-sucedida no Palmeiras, mas, de acordo com Luizão, após as primeiras apresentações, começou a haver questionamento por parte de alguns associados do clube. Como os bailes ocorriam nas nobres noites de sábado, também eram malvistos pelos promotores acostumados a realizar outros tipos de evento no local, como formaturas e aniversários.

“Surgiram alguns obstáculos. A gente fazia eventos chiques, mas era o baile da periferia, o baile da negrada. Era uma ousadia muito grande chegar no salão de festas da elite da cidade. Estávamos fazendo festa no palácio do rei. Hoje a questão do racismo está mais diluída, mas na época era bem forte. Havia uma distância muito grande entre brancos e negros. Começou a existir choque com os associados”, lembrou Luizão.

Gradualmente, os bailes promovidos pela Chic Show no Palmeiras, acompanhados por milhares de pessoas, ganharam status. Após estrear com Jorge Ben, o evento recebeu nomes como Tim Maia, Sandra de Sá, Gilberto Gil, Djavan, Bebeto e Carlos Dafé. Do exterior, vieram Kurtis Blow, Betty Wright e Roger Troutman com a Banda Zapp.

Os eventos promovidos no salão de festas significavam renda extra para o Palmeiras. Para contratar Djalma Santos e Levinha, dois de seus maiores ídolos, por exemplo, o clube usou o dinheiro arrecadado nos famosos bailes de Carnaval. No acordo com a Chic Show, além de faturar com o aluguel do espaço, a instituição lucrava com a venda de bebidas.

“Não podemos reclamar da diretoria do Palmeiras. Alguns sócios falavam: ‘pô, não pode alugar para a negrada, o pessoal é da raça’. Mas os diretores sempre correram junto conosco. Após o crescimento do baile, com grandes shows internacionais, o evento que antes era rejeitado passou a ser aceitável. Além disso, era comercialmente interessante para o clube”, lembrou Luizão.

Leia a história completa aqui: (Infelizmente o link para a matéria original foi removido pelo site do Palmeiras)
http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2014/08/centenario-do-palmeiras/baile-negro-no-palmeiras-recebeu-james-brown-e-combateu-preconceito.html

A contribuição é de nosso amigo Marcílio Zappman, um dos maiores fãs da banda Zapp aqui no Brasil.
Valeu, Marcílio!

Confira também nosso artigo sobre a UNIÃO DAS EQUIPES
http://www.cobranegra.com.br/110401/associacao-do-promotores-de-eventos-da-cidade-de-sao-paulo/

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